Olhar para trás nem sempre é retroceder.

Olhar para trás nem sempre é retroceder.

quarta-feira, 5 de agosto de 2015

Duas faces


Essa imperfeição de estarmos perto e não sermos capazes de nos beijarmos; 
Essa coisa estranha de saber que sou fruto do seu amor e não consigo alimentá-lo, sendo você a fonte de muitas águas; 
Parece mistério insondável essa agonia de tentar te tocar, mas ser impedido por algo invisível; 
Estaríamos sugados pelo passado? Pelas histórias mal resolvidas de hoje e de ontem? Dessa ou daquela encarnação? 
 Vejo o tempo passando e a inércia me acometendo; 
Já dei passos ao seu encontro, mas você portou-se estático e desestimulado;
 Será que ainda há tempo para uns beijos e vários abraços? Hoje acaricio a face do menor, quando gostaria de ser acariciado pelo já vivido; 
Esse drama indecifrável também faz corroer as minhas entranhas, afinal não sou um ser hábil na arte de demonstrar dores e sentimentos; Nesse momento, penso em você e me desespero, pois sei que muito tempo se foi; 
Tenho coragem suficiente para não me condenar por inteiro, pois o que secou, não foi fruto do acaso e sim, de uma comodidade recíproca e imperdoável de dois corações, um fruto do outro; 
 Agora, de forma precoce, lambo as feridas e luto, a cada dia, para não repetir nas gerações vindouras, esse cenário que nos deixa tão perto e ao mesmo tempo, tão distantes;

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